terça-feira, 22 de junho de 2010

Justo

- Meus pensamentos e lembranças estão morrendo. Com o passar dos dias, ficarei vazio. Não reconhecerei mais as pessoas a minha volta, o passado será um dia de nevoeiro, o presente um mundo novo a cada redescoberta. O futuro, a única certeza, definharei até a morte total do cérebro. Não gostaria nunca de te esquecer. “Querer” vai ser uma coisa que não mais poderei controlar, por isso tenho que fazer o que quero agora. E o que eu quero é minimizar nosso sofrimento, se continuarmos juntos o sofrimento será maior, em um espaço de tempo longo. Por isso, minha vida tomará um rumo diferente a partir de agora. Juntarei umas poucas coisas e partirei sem rumo. Chegarei a um ponto em que nem saberei quem sou e de onde vim. Isso é o que quero, não peço para entender ou me impedir. Já está decidido. Justo?
- ...
- Adeus, pedirei para alguém vir alimentá-lo, Fiel.
Nilson pegou sua mochila, abriu a porta e se virou para Fiel, que estava sentado sobre as patas traseiras. Deu um ultimo aceno, Fiel abanou o rabo e deu um latido seco. A porta se fechou, o mundo se abriu; tanto para Nilson, quanto para o cachorro.

3 comentários:

bella ferraro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
bella ferraro disse...

O que é melhor, viver junto e enfrentar uma dor insuportável na hora de se separar ou viver meio afastado pra tentar não sofrer tanto na despedida derradeira? O mais curioso é que estávamos falando sobre isso agora no almoço, eu, Fábio e Thaline. Eu sou das que preferem ficar junto e quase morrer depois.

Gosto do papel mudo e significativo dos cães nos seus textos, eles dizem mais do que todas as outras pessoas que aparecem com eles. Se algum dia eu tiver um cachorro, ele vai se chamar Fiel.

Mateus Henrique Zanelatti disse...

Noel é um nome fantástico! Todo Noel é gente boa.
Onde você enterrou o cachorro?
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Bella, eu sou daquelas pessoas que não morrem. ::) Beijo linda!