terça-feira, 24 de agosto de 2010

Rock'n'roll

- Merda de cerveja cara desgraçada. – Eu murmuro por entre os dentes.
Estava em um estádio de futebol inchado de pessoas, era noite, garoa fina, e uma banda antiga de rock’n’roll ia se apresentar.
Na minha frente uma morena de cabelos curtos me chamava atenção pela cintura fina e rabo gostoso.
Estava me perguntando se valeu a pena pagar caro pelos ingressos, se valeu a pena o transtorno fodido do transporte, pagar pela cerveja cara com gosto de mijo, ter que agüentar os filhos da puta se acotovelando para chegar mais próximo ao palco, e por isso eu preferi ficar distante, mais tranqüilo, se valeu a pena aguentar o sol queimando feito o inferno e agora a garoa da noite. Mas daí veio a abertura e toda sua loucura.
E quando baixou a fumaça e os primeiros acordes começaram a ribombar pelo estádio, valeu a pena.
O povo ficou louco e começou a urrar e pular como se o chão estivesse pegando fogo. A morena a minha frente também pulava e rebolava, seus cabelos mexiam para lá e para cá, brilhando e refletindo à luz colorida dos holofotes e da lua. Ela dava gritos e acompanhava as letras. Eu estava ali, admirando seu traseiro e a música ao mesmo tempo.
Depois de mais três músicas ela se virou de repente, olhou a volta, me viu, e berrou no meu ouvido:
- Me dá um gole dessa cerveja?
Estendi a lata para ela, que a pegou com as duas mãos e levou à boca. Porra, que boca! Fiquei viajando naquela cena, esqueci a banda, o estádio, e o calor só aumentava.
Ela percebeu meu colossal interesse em seu corpo, parou de beber e me disse fazendo cara de safada.
- Perdeu alguma aqui, gato?
- Você tem a boca mais gostosa que eu já vi.
Ela ri e volta a se virar para o palco, mas vem trazendo seu corpo para trás até encostar no meu.
E ficamos assim, ela rebolando com as músicas e eu a abraçando por trás, sentindo seu calor me fazendo quase explodir de tesão.
Gata louca. Valeu a pena.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Batida

Ele tamborilava os dedos na mesa de aço enquanto esperava alguém chegar bebericando uns goles de cerveja gelada que descia de forma macia por sua garganta apesar dela estar um pouco inflamada.
- Cadê essa puta? – Perguntou para si mesmo enquanto se enfurecia sozinho na mesa mesmo estando curtindo o rock das antigas que saia de uma caixa de som bem empoeirada pendurada em um canto no alto da parede.
- Mais uma cerveja xará? – O dono do bar era um merda mas vendia cerveja barata em copos limpos e até uns petiscos fritos de classe.
Ele sentia o coração pulsar na garganta inflamada num ritmo que estranhamente não estava acostumado.
- Não. Conhaque com limão.
O conhaque rolava pelo copo num frisson alucinado misturando-se com o limão espremido respingado pela parede de vidro.
Ele tamborilava os dedos na mesa eu observava de um ângulo estranho como se as mãos fossem minhas como se eu estivesse sentindo a batida nos dedos e então merda voltei a mim e soube que ele era eu.
Minha garganta é que estava inflamada e agora eu sentia o conhaque com limão descer num compasso rápido goela abaixo mas tinha uma coisa importante que estava me esquecendo eu esperava alguém.
Ela loira branca entrou de salto alto ritmando uma cadência que se encaixou perfeitamente com a música e o ambiente.
- Canalha. – Ela cuspiu em mim movendo seu lábios pintados de vermelho sangue paixão rosa ou sei lá que porra chamam essa cor.
- Olá meu bem. – Conheci ela nesse mesmo bar e na mesma noite já estávamos fodendo loucamente no seu apartamento e agora estávamos fodendo com a vida um do outro.
Ela se sentou e pediu uma menta com martini que chegou voando até a mesa visto que apesar de ser um merda o dono do bar era prestativo com as mulheres principalmente com as peitudas de rabo grande.
Pouco tempo depois ela também tamborilava com os dedos na mesa e em silêncio acabamos nossas bebidas até que ela pousou sua mão na minha virilha e disse me olhando feito uma maníaca:
- Eu te odeio profundamente mas quero trepar com você nesse instante. – Ela se levantou e com o dedo pediu para eu segui-la.
Tamborilei a batida final na mesa e me levantei para segui-la até o inferno.