segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Eu e meu urso

Ganhei um urso de presente quando completei meus 4 anos de vida. Era da espécie pardo. Na época, ele devia ter uns dois anos de idade. Era um bobalhão, e eu também. Rolávamos na grama e nadávamos na piscina durante o verão. Lembro que seu pêlo era bem macio naqueles tempos, mas depois foi endurecendo.
Como todo bom urso, ele gostava de comer salmão, mingau e mel.
Uma vez, na escola, um certo encrenqueiro resolveu me atazanar a vida. Quando não agüentei mais o convidei para ir até minha casa. Ele relutante, ficou em dúvida, claro. “Mas como esse carinha está me convidando para ir a sua casa, se eu o azucrino tanto?” Por fim ele topou.
Logicamente meu urso o devorou inteiro.
Eu sempre tive uma dúvida, quando os ursos devoram as pessoas, eles cospem as roupas fora?
Dessa vez ele não cuspiu nada. Foi-se embora para sempre o encrenqueiro.
Meu urso estava crescendo, e eu também. Não podíamos dividir mais o mesmo quarto. Construíram então para ele um puxadinho no quintal. Ele adorou, pois ali tinha mais espaço para se exercitar e ar fresco para respirar. Eu também gostei, pois, cá entre nós, um urso não cheira muito bem.
Nas férias, nós sempre viajávamos para as montanhas do sul. O clima era bem mais frio, as árvores eram diferentes, as águas dos lagos gélidas e cristalinas, e meu urso adorava tudo isso. Como ele ficava feliz por estar ali!
Certa noite ele me acordou com uma lambida, olhou bem para mim por vários minutos, depois se virou e partiu montanha adentro.
Nessas férias, voltamos para casa sem meu urso.
Entre a tristeza e a alegria se estende uma pequena linha, essa linha, se vista de longe, tem o formato de um sorriso, um grande sorriso de urso.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Um cara absurdo

Essa tira abaixo é do Laerte. Acho que com essa, ele chegou ao ápice. Não tem como criar uma “coisa” melhor que essa. Esse cara me espanta, muito!


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Tinha um cara...

Tinha um cara, de apelido Margarida, que levava uma vida muito curiosa. Trabalhava em uma floricultura, próximo ao velório e cemitério da cidade. Andava com roupas muito brancas, era atencioso e gentil com as pessoas.
Mas Margarida escondia um segredo.
Ele observava e registrava todos os enterros ocorridos no cemitério ao lado. Depois de mais ou menos três dias, ele saltava o muro e caminhava entre as lápides procurando o defunto recém coberto. Sutilmente ele desencavava o caixão e serrava as duas mãos do pobre morto, colocando-as depois em um saco plástico. Após isso, voltava a enterrar o caixão, de modo que ninguém percebesse o feito.
Toda manhã, Margarida, utilizando um liquidificador potente, batia com leite uma das mãos exumadas e bebia tudo com graça e felicidade.
Era obvio que Margarida tinha problema mental e um refrigerador cheio de mãos.