sábado, 28 de setembro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Eu nunca andarei sozinho, e você?

A tempestade se aproxima rápida e me engole de tal forma que fico desnorteado e sem rumo. A escuridão é enorme, as fortes gotas de chuva e o vento implacável quase me levam ao chão. Coloco a mão ao meu peito e sinto a frieza da medalha que está pendurada ao meu pescoço por uma corrente, dada pela mulher amada. Aperto a medalha com toda a força que me resta, ela me faz lembrar dos tempos de sol e calor, me faz lembrar dos motivos pelos quais tenho que continuar em pé e lutar, ela me faz lembrar da esperança. Então levanto a cabeça e encaro as intempéries de frente, sem medo do que esta por vir, sem medo do escuro.
Sei que a frente um céu dourado me espera, eu preciso apenas me manter de pé e caminhando. Todo o sofrimento é momentâneo e preciso seguir em frente para que venham novos dias gloriosos, para que eu possa novamente ouvir o doce e prateado canto da cotovia.
Eu ando através da tempestade, através dos ventos, vejo raios formidáveis rasgarem os céus, e ainda assim eu vejo meus sonhos se tornarem realidade, pois mesmo sem ninguém ao meu lado, eu nunca andarei sozinho. Eu me sinto abraçado pela tempestade, mas sinto muito mais a presença bela e reconfortante da minha amada ao lado, e isso me faz continuar andando.


You'll Never Walk Alone, Gerry & The Pacemakers:



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sonhos

Primeiro sonho: As pernas

Sinto-me flutuando, toco o chão por pequenos momentos apenas para pegar mais impulso. É um esforço imenso, mas mantenho o sorriso no rosto. Estou suada, mas meu doce perfume se espalha ao redor ao dar meus giros. O cansaço é imenso, mas de alguma forma consigo reunir uma força sobre-humana que me dá disposição para continuar dançando por horas e horas. Por segundos consigo vislumbrar a plateia atenta a meus passos, é minha motivação para dar saltos cada vez mais altos, fazer movimentos cada vez mais suaves e precisos. Eles observam minhas pernas torneadas cobertas por uma meia calça fina e branca, e como um bater de asas elas cintilam pelos ares, e eu flutuo.

Segundo sonho: A dama de verde

Estou preso em uma cruz, braços e pernas amarrados com laços fortes, mas estou lúcido e com medo da tortura que está por vir. Está escuro, só algumas luzes bruxuleantes surgem das trevas. Ouço passos, acho que é uma mulher, pois é um barulho e saltos altos que avançam fortemente em minha direção. Ela aparece, sua beleza ofusca meus olhos, tem cabelos e olhos negros, um nariz pontual e uma boca pequena e perfeita, por um brevíssimo tempo eu penso que ela é frágil, mas ledo engano, ela emana uma força descomunal. Está trajando um vestido verde cintilante, com caimento perfeito para seus seios e quadril, seu corpo é fantástico, suas curvas são deslumbrantes, vejo também que suas unhas estão pintadas de verde, e que também suas delicadas e poderosas mãos seguram um cálice com um líquido da mesma cor, talvez algum veneno poderoso preparado para mim. Eu estou nu, ela observa minha ereção com um olhar de desdém, mas ela lambe os próprios lábios com sua língua úmida e macia. Aproxima-se para bem perto de mim e crava suas unhas em meu peito como se fossem garras de tigre e vai descendo e rasgando minha pele, o ardor é terrível e lágrimas surgem em meus olhos.

Terceiro sonho: A cereja

Entro no quarto, ela está me esperando na cama apenas de calcinha e com uma deliciosa cara de malícia. Vou tirando minha roupa bem devagar para deixa-la com mais vontade e me debruço sobre seu corpo. Ela abre a boca e me mostra uma cereja pousada em sua língua. Pego a cereja com minha boca e depois com a mão, e então começo a brincar com ela passando lentamente sobre seu mamilo direito, enquanto chupo com muita calma seu mamilo esquerdo. Ela geme muito gostoso e me deixa super excitado. Eu retiro sua calcinha com os dentes e rolo a cereja por sua virilha e depois a deixo pousada em seu clitóris. Eu digo que é uma das mais belas imagens que já vi em minha vida, ela ri. Depois começo alisar sua vagina com minha língua e ela revira os olhos e emite sons que soam como uma ópera suave. Já quase não aguentando mais de prazer eu coloco a cereja em minha boca e vou até a boca dela, ela morde uma metade e eu fico com a outra, depois começo a penetra-la e tremendo e gemendo gozamos juntos.

Quarto sonho: Os garotos

Somos três e estamos andando pelas ruas a noite, assim como as antigas gangues, estamos em formação de “V”, eu na frente e meus dois chapas atrás. As pessoas saem da frente ao nos ver passar. Talvez por sermos jovens e feios demais, ou por terem medo das nossas jaquetas rasgadas e tatuagens cobrindo os braços. Tentamos ser maus arranjando briga com outros caras, e nesse momento estamos indo acertar uma conta com um pessoal de outro bairro. Eles devem estar nos esperando com um maior numero de pessoas, mas nos somos destemidos e meu amigo Jones a minha esquerda sabe lutar boxe como um profissional, não é fácil derruba-lo. A minha direita tem o Stalinski, que sabe manejar um canivete e tem um bem afiado em sua cintura. Já eu não tenho nenhum talento especial, mas eu sou persistente e não desisto de uma briga até que eu esteja inconsciente. Vamos assim para nossa batalha.

Quinto sonho: Duas cabeças

Começo a tomar consciência de mim mesmo vagarosamente. Primeiro percebo que não vejo apenas com os olhos, eu vejo com a cabeça toda, com uma visão de 360°, mas não consigo me mexer. Sinto que meu rosto é duro e que tem algo apoiado em cima da minha cabeça. Começo observar ao redor: para trás há um pequeno salão com algumas gôndolas com os mais diversos tipos de alimentos expostos, a maioria são doces caseiros que me parecem deliciosos. Acho que é uma loja, um pessoal anda por ali. Ao meu lado há uma cabeça de porcelana de uma dama muito bonita, ela me parece um tanto árabe, ou turca, seu rosto é pintado de branco, menos os lábios que são vermelhos e os olhos que são azuis. Seus cabelos também são azuis com uns adornos dourados. Em cima de sua cabeça há uma tigela com umas maçãs bem vermelhas. Ela parece me notar. À frente consigo observar uma rua movimentada, pelo estilo dos carros e das pessoas parece que estou na Inglaterra. Separando-nos da rua percebo que existe um vidro, nele consigo ver meu reflexo, eu também sou uma cabeça de porcelana, mas ao contrário da dama ao meu lado eu sou uma cabeça masculina, tenho um farto bigode e uma sobrancelha grossa, e em minha cabeça tem uma tigela com bonitas peras verdes. Gosto de observar as pessoas nos olhando e tirando fotos.

Trailer de Sonhos, de Akira Kurosawa:

sábado, 7 de setembro de 2013

Vontade

- Vontade – Ela disse ao meu ouvido.
Eu abri um sorriso, sabia do que ela estava falando, um pouco mais tarde estaríamos entrelaçados com os corpos nus como se fôssemos um só, ofegantes, suados e exaustos.
- Também estou com muita vontade.
Mas não era apenas isso, a vontade que vinha de dentro era muito maior que apenas satisfação física, a vontade era de se derreter nos olhos dela, ficar observando cada detalhe do seu lindo rosto, acariciar cada centímetro do seu corpo quente e macio, sentir sua respiração em sintonia com a minha. A vontade era de encostar meus lábios em seus lábios e sentir toda a ternura que provem deles, acariciar sua língua úmida e gostosa com a minha língua e depois deslizá-la para seu pescoço e ouvir seus gemidos como se fossem uma sinfonia. A vontade era de entrar em seu corpo e sentir tudo o que se passa por ele, era de se conectar em pensamentos e saber exatamente o que queríamos; e a vontade era infinita.
Era nisso que eu pensava ao ouvi-la sussurrar essa palavra, e acredito que era isso que ela queria dizer.


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

As vinte e quatro horas

8h00 - Fome
9h00 - Disposição
10h00 - Concentração
11h00 - Desconcentração
12h00 - Paz
13h00 - Desânimo
14h00 - Descaso
15h00 - Alerta
16h00 - Força
17h00 - Fôlego
18h00 - Descanso
19h00 - Pensamento
20h00 - Depressão
21h00 - Raiva
22h00 - Rancor
23h00 - Insônia
24h00 - Abatimento
0h00 - Nervosismo
1h00 - Sono
2h00 - Sonho
3h00 - Vontade
4h00 - Luxúria
5h00 - Desligamento
6h00 - Lágrima
7h00 - ESPERANÇA

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A árvore e o pau

- Vamos plantar essas cinco mudas na beira do morro, perto do correguinho. Coloca elas num balde, vai na frente para abrir o portão.
- Ok, e são mudas de que?
- Essa três são de coquinho, sabe aqueles coquinhos que os saguis vem comer?
- Sei.
- Essa aqui é de ingá.
- Ah, já ouvi falar.
- E essa outra chama guanandi.
- Como é o nome?
- Guanandi.
- Fica grande, ela vai conseguir crescer ali, com todos aqueles bambus fazendo sombra?
- É uma árvore de mato, ela cresce no meio das outras árvores, é acostumada ficar na sombra quando é pequena. O tronco dela cresce reto, para ela buscar o sol em cima das outras.
- Entendi.
- Conhece algum outro pau que cresce reto?
- Eu citaria o meu, mas ele é um pouco torto para a esquerda, haha, mas está sempre querendo alcançar o sol.