Algumas vezes eles colocavam sedativos na comida para que eu
dormisse, mas depois de alguns meses eu já conseguia perceber quando a comida
estava alterada e me recusava a comer. Então eles instalaram tubos em meu
quarto por onde saia um gás que me adormecia, só que eu descobri com o tempo a
localização deles e os obstruía. Por fim, depois de alguns anos eles
simplesmente entravam em meu quarto, que na realidade era uma prisão, em três
ou quatro brutamontes, me seguravam e aplicavam uma injeção.
Toda vez que eu acordava, depois de ser dopado, eu estava
sentado em uma cadeira parafusada ao chão com meus pés e mãos amarrados
firmemente. À minha frente ficava uma cama com um lençol vermelho e em cima da
cama uma mulher; toda vez uma mulher diferente. Não sei se eram prostitutas,
atrizes contratadas ou mesmo mulheres fazendo isso apenas por diversão, nunca
soube da verdade.
Enquanto eu estava amarrado, a mulher começava a se despir
vagarosamente, em movimentos sensuais, elas geralmente vestiam roupas justas
com decotes enormes e minissaias, exibindo seus belos seios e coxas bem
servidas de carne. Por baixo usavam lingeries ousadas de diversas cores e
estilos. Depois de toda roupa tirada elas começavam a se masturbar, cada uma a
sua maneira e posição. Umas começavam a acariciar os peitos e depois desciam
vagarosamente para suas vaginas e em movimentos contínuos da mão gemiam de
prazer até se esbaldarem, outras chupavam os próprios dedos enquanto brincavam
com o clitóris, algumas até trocavam as mãos pelos pés para se acariciarem.
Isso tudo durava de quinze minutas a meia hora. Mas nesse meio tempo todas me
ignoravam por completo, nenhuma nunca me olhou nos olhos ou falou comigo, como
se eu não estivesse ali, agiam como se fosse normal se masturbar na frente de
um estranho amarrado em uma cadeira.
Na primeira vez que isso aconteceu, quando acordei nessa
situação, fiquei confuso, com medo, não sabia o que ia acontecer, eu achava que
a mulher ia me matar ao final de toda a encenação, achava que era um jogo
sádico em que eu acabava sendo estripado no fim. Mas nada aconteceu. Quando a
mulher terminou seu serviço, ela simplesmente se vestiu e saiu por uma porta a
direita, por onde depois entraram três ou quatro brutamontes para me desamarrar
e arrastar por uma porta a esquerda, de volta a prisão do meu quarto. No
início, quando isso começou a se repetir, eu tentava de todas as maneiras falar
com elas, pedia ajuda, explicava a minha situação de prisioneiro, perguntava o
porque de eu ter sido preso e estar acontecendo tudo isso, mas elas
simplesmente me ignoravam. Eu berrava e chorava, tentava ser humilde, tentava
ser odioso, tentava ser generoso oferecendo dinheiro para me tirar dali ou
mesmo para que me dissessem uma única palavra, mas elas sempre me ignoravam.
Depois de algum tempo percebi que essa cena se repetia em
intervalos irregulares, talvez para que eu não pudesse estar preparando alguma
coisa, para que eu não estivesse planejando nada fora do plano bizarro deles.
Quando eu achava que acabaram as seções, lá vinham eles com a comida com
sonífero, com o gás ou com a injeção.
Por um período de tempo, após desistir de tentar me
comunicar com elas e perder a esperança de sair dessa situação, eu comecei a
ficar excitado ao vê-las gemendo de prazer na minha frente, comecei a
deseja-las, comecei a salivar e babar, meu pênis ficava tão rígido que quase
rasgava minhas calças, comecei a torcer para que a próxima seção começasse o
mais breve possível; e comecei a perder minha sanidade nesta época.
Perdi a conta dos anos que se passaram na minha prisão,
talvez foram apenas quatro, cinco ou seis, mas pode ser que sejam dez ou até
mesmo doze. A rotina sempre era a mesma, refeição a cada três horas durante o
dia, dez horas de sono durante a noite, toneladas de livros e revistas antigas
para ler, uma televisão que passava um filme por dia, escolhido por eles, um
quarto com um banheiro e sem janelas e as seções das mulheres se masturbando.
Com o passar do tempo minha excitação pelas mulheres foi
diminuindo e eu comecei a xingá-las e ofendê-las, não ia mais sangue para o meu
pênis, o sangue ia direto para meu cérebro e eu ficava com raiva, eu tremia de
raiva ao vê-las todas com as mãos molhadas mexendo suas genitais. Incontrolavelmente
eu me debatia na cadeira urrando palavras cruéis e cuspindo injúrias as suas
vaginas.
Depois minha raiva se tornou um ódio silencioso, que crescia
de forma descomunal, eu me transformei em puro ódio.
Eles sabiam o que me tornei, pois num dia em que acordei na
cadeira, percebi que não estava preso, e percebi que meu único instinto era me
levantar da cadeira e estrangular a mulher que estava na minha frente. Foi o
que eu fiz, e foi a única vez que a mulher da cama olhou para mim; claro que
com olhos de desespero. Desde o início esse era o plano deles.
Na próxima vez que acordei, percebi que estava em um quarto
diferente, era bem maior que minha prisão, havia mais móveis, um rádio, cama
imensa e uma janela. Olhei por ela e o sol me cegou por uns instantes, há anos
não sentia tanta luz e calor sobre mim. Eu estava confuso, mas percebi que
estava em um quarto de apartamento, pois pela janela eu via a rua a muitos
metros abaixo. De repente comecei a ouvir a porta sendo destrancada e por ela
entrou uma mulher, já de meia idade. Imediatamente minha cabeça ficou pesada e
meus olhos ficaram cegos, senti meu sangue fluir efervescente por todo meu
corpo. A mulher estava confusa, tentava dizer e gritar comigo alguma coisa
enquanto eu me aproximava dela como um maníaco. Eu agarrei seu pescoço e a
levei ao chão, ela se debatia e tentava me arranhar até que começou a ficar
roxa e com os olhos esbugalhados, então senti seus ossos se quebrarem em minhas
mãos e ela parou de se mexer.
Eu me afastei e sentei na beirada da cama, ofegante, e
estando ali alguma lucidez começou a voltar à minha cabeça, eu olhei para a
mulher morta e comecei a reconhece-la de um passado distante, comecei a ficar
realmente desesperado quando percebi que ela havia falado meu nome, antes de eu
estrangula-la, e fiquei em choque quando descobri que havia matado minha
própria esposa. Esse era o plano afinal, eu matar minha própria esposa, matar a
única pessoa no mundo que eu realmente amava, a mulher que eu daria minha vida
em troca. Eu paguei por um pecado antigo tirando a vida da minha única razão de
viver. A dor que eu sentia nesse momento era algo imensurável, algo que eu não
podia suportar. Com o pouco de força que me restava levantei e me arrastei até
a janela, consegui abri-la e num impulso saltei para fora, e enquanto caia
pensava que essa morte era boa demais para uma pessoa como eu.
Levemente baseado em: http://www.youtube.com/watch?v=2HkjrJ6IK5E
e em: http://www.youtube.com/watch?v=Tcl2hnhze3E