sábado, 11 de fevereiro de 2012

Taxi driver

Em exatamente uma hora estávamos pousando em Floripa. Peguei minha bagagem e saí. Estava em dúvida se ia para a casa que aluguei de ônibus ou táxi. Falei um grande foda-se e peguei um táxi. Só de olhar para a cara do taxista já dava para ver que ele era um porra louca. Um cara novo, cabeludão, barba mal feita, usando uns óculos escuro daquele estilo anos setenta. Ele tinha o sotaque arrastado demais, não dava para entender muita coisa. Mas o papo foi fluindo.
- Bora pra onde?
Indiquei a rua e começamos a rodar.
- É longe esse lugar?
- Mais ou menos longe, dá uns dez quilômetros daqui. De onde é que tu vens?
- Jundiaí, São Paulo. Conhece?
- Jundiaí? Não. Mas eu me lembro um pouco do time de lá, disputou a Copa do Brasil e tal. Como é que chama mesmo?
- O Paulista, ele até ganhou a Copa, se eu não me engano foi em dois mil e cinco, ou quatro. Em cima do Fluminese.
- A esse Fluminense, meu time perdeu para ele.
- Qual time que é?
- Eu sou Figueira.
- Ah, ele caiu ano passado, né?
- Caiu, fiquei três noites sem dormir. A primeira por agitação, a segunda por desacreditar e a terceira por desgosto. Mas o time tem uns piás bons.
- É, mas o foda é que eles vendem tudo depois de um campeonato, não dá para formar uma base.
Nesse momento o táxi estava voando pelas avenidas da cidade, ele apontou para o lado, para uma gordinha.
- Olha só o rabo daquela guria, redondinho, com o cuzinho virado para cima deve ser uma beleza.
- Opa.
- Tu está aqui de férias ou a trabalho?
- De férias, vou ficar sete dias.
- Massa, aqui tem altos picos para você ir. Mesmo em frente a sua praia tem uma ilha que é legal de dar um passeio. Tem uns barcos que levam até lá.
- Vira ir nessa ilha?
- Se o barco vira?
- Não meu, se é bom o lugar?
- É massa.
- Legal, vou programar um dia para ir lá.
- Hoje cedo eu comi uma nega.
- Daqui mesmo?
- É, perto da Armação.
Mais dois minutos e chegamos ao meu destino. Paguei para ele trinta e oito reis pela corrida. Que merda.