terça-feira, 29 de setembro de 2009

Jed Gonzales

O conto abaixo foi escrito por duas pessoas, um pedacinho cada. Uma pessoa sou eu e a outra é a superescritoraromancista Jéssica, que pode ser visitada aqui: http://maquinadeescreveronline.blogspot.com/
Mas como eu disse a ela, não gostei muito do resultado. ::)
O conto:


Jed Gonzales subiu quase que se arrastando pelas escadas até seu apartamento. Procurou as chaves em seus bolsos e depois de algum tempo conseguiu abrir a porta. Jogou seu paletó em um canto e andou até a cozinha, abriu uma porta do armário e retirou uma garrafa de uísque, serviu uma dose generosa em um copo e bebeu rapidamente. O mundo parou por um instante e ele se sentiu bem, após a sensação passar ele se serviu de outra dose e caminhou lentamente até a sala, esperando realmente que o sujeito do sofá tivesse ido embora, mas ele continuava lá. Jed desabou na outra ponta do sofá e os dois se encararam.
- Jed, amigão. Como foi seu dia? – Disse o sujeito.
- ...
- Vamos lá, você pode conversar comigo, não tem ninguém olhando.
- Você não existe. – Sussurrou Jed entre os dentes.
Levantou-se do sofá e bebeu o resto do uísque, deixando o copo na mesinha ao lado. Depois foi ao banheiro, lavou o rosto e se encarou no espelho. Com o canto do olho viu que o sujeito o observava.
-Você me prometeu que iria embora. –disse Jed, ainda olhando o sujeito pelo canto dos olhos.
-E você prometeu que me traria o dinheiro. –respondeu o sujeito, aproximando-se lentamente de Jed.
-Já cansei de lhe dizer que o dinheiro não existe!!! –gritou Jed, desesperado. –Nem o dinheiro, nem você!!!
-Existe sim, Jed. –respondeu o sujeito, sem aumentar o tom de voz. –Quando éramos pequenos, vivíamos falando dele e nós...
-Nós, nós...! Não existe nós! –Jed irritava-se cada vez mais.
-Claro que existe, meu caro!
-Eu nem ao menos sei quem é você...
-Claro que sabe.
Jed fitou o sujeito por alguns minutos, até que por fim seus olhos arregalaram e ele se lembrou.
Lembrou de uma época que por pouco não desaparecera completamente de sua memória. Ele ainda era criança e morava em uma cidade distante, sua família era muito pobre e violenta. Jed levava surras diárias por motivos fúteis. Andava sempre sozinho, não procurava ter amigos por medo de que perguntassem de onde vinham os hematomas pelo corpo.
Foi nessa época que ele apareceu. Ele surgiu de algum canto e de repente já eram amigos inseparáveis. Contavam histórias bestas de crianças e elaboravam grandes planos para serem milionários no futuro. Mas estavam sempre juntos apenas quando não tinha alguém por perto.
Cresceram assim, felizes. Jed cuidava da ação e o amigo dava as dicas.
Na adolescência, fugiram juntos para a cidade começaram a prosperar. Foi nessa época que ele começou a sentir que havia algo errado com sua cabeça, algo fora do comum estava acontecendo, uma coisa que ele não via nas outras pessoas. Um conhecido sugeriu um psicólogo e Jed foi. Suas suspeitas estavam corretas, seu amigo nunca existira, Jed era escravo da própria consciência. Mas mesmo não existindo, o amigo estava lá. Começaram as brigas e discussões, Jed queria se livrar do amigo, mas ele não ia embora.
E então, certo dia, após uma tarde de bebedeira pesada e alucinações, a porta do elevador abriu, mas o elevador não estava lá. Jed caiu 6 andares.
Caiu de 6 andares e entrou em coma. Por 7 meses. E quando todos os médicos já haviam desistido do pequeno Jed, ele retornou, lúcido, querendo saber onde estava.
Após horas e horas de explicações, Jed ficou chocado com o que lhe acontecera. Infelizmente não se lembrava do que havia acontecido antes do acidente. Até que, ele apareceu.
O infortunado amigo estava como sempre, querendo o tal dinheiro que Jed nunca conseguira arrumar.
Jed então teve uma idéia. Processaria a empresa de elevadores para ver se conseguia alguma indenização. E se obtivesse bons resultados, abriria uma conta conjunta em um banco. Para ele... e para o amigo. O único amigo na vida de Jed.

Nenhum comentário: