segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Eu sou a planta

Uma ressaca monstruosa me aporrinhava pela manhã. Mesmo assim eu tive forças para me deslocar até o maldito supermercado, para comprar algo de comer. Logo na entrada me dou conta que estão vendendo plantas. Colocaram algumas prateleiras com variadas espécies por ali. Uma coisa pequena me chama a atenção, pego o vazo em minha mão e observo.
Eu sou como essa planta que está na minha frente, pouco desenvolvida, feia, pedindo por um gole de água e luz. Ela tem espinhos, tem um certo estilo, algo que lembra uma personalidade própria. Aparenta mesmo estar sedenta por água. “Porra, você sou eu, eu sou você. Vou cuidar de você, você cuidará de mim?” Que merda de viadagem é essa que estou pensando? Mas mesmo assim eu vou compra-la.
Escolhi o caixa para pagar a planta, pela atendente. Dessa vez o critério de escolha foi os peitos. Gosto desse supermercado pelo uniforme que eles dão para seus funcionários usarem, as moças usam calças pretas apertadas e blusas decotadas, os homens... quem se importa. A caixa era boa, tinha um belo par de peitos, mas não era nada simpática. Logo me esqueci dela, mas eu a perdôo, é difícil alguém conseguir ser simpático comigo, eu causo repulsa nas pessoas. Saí do supermercado caminhando com minha planta.
Chegando em casa arranjei um lugar para por o vaso, ficou perto da janela, dei água a ela. Foda, me dei conta que esqueci completamente de comprar comida. Acho que sou assim, gosto de cuidar dos outros, mas não consigo cuidar de mim. Isso me entristece. Mas agora eu tenho uma planta.

3 comentários:

Marguerita disse...

Esquecemos do mais importante ou não queremos lembrar?

BJos

Jéssica Nega disse...

Isso foi autobiográfico?

Mateus Henrique Zanelatti disse...

Nada aqui é autobiográfico.