quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Batida

Ele tamborilava os dedos na mesa de aço enquanto esperava alguém chegar bebericando uns goles de cerveja gelada que descia de forma macia por sua garganta apesar dela estar um pouco inflamada.
- Cadê essa puta? – Perguntou para si mesmo enquanto se enfurecia sozinho na mesa mesmo estando curtindo o rock das antigas que saia de uma caixa de som bem empoeirada pendurada em um canto no alto da parede.
- Mais uma cerveja xará? – O dono do bar era um merda mas vendia cerveja barata em copos limpos e até uns petiscos fritos de classe.
Ele sentia o coração pulsar na garganta inflamada num ritmo que estranhamente não estava acostumado.
- Não. Conhaque com limão.
O conhaque rolava pelo copo num frisson alucinado misturando-se com o limão espremido respingado pela parede de vidro.
Ele tamborilava os dedos na mesa eu observava de um ângulo estranho como se as mãos fossem minhas como se eu estivesse sentindo a batida nos dedos e então merda voltei a mim e soube que ele era eu.
Minha garganta é que estava inflamada e agora eu sentia o conhaque com limão descer num compasso rápido goela abaixo mas tinha uma coisa importante que estava me esquecendo eu esperava alguém.
Ela loira branca entrou de salto alto ritmando uma cadência que se encaixou perfeitamente com a música e o ambiente.
- Canalha. – Ela cuspiu em mim movendo seu lábios pintados de vermelho sangue paixão rosa ou sei lá que porra chamam essa cor.
- Olá meu bem. – Conheci ela nesse mesmo bar e na mesma noite já estávamos fodendo loucamente no seu apartamento e agora estávamos fodendo com a vida um do outro.
Ela se sentou e pediu uma menta com martini que chegou voando até a mesa visto que apesar de ser um merda o dono do bar era prestativo com as mulheres principalmente com as peitudas de rabo grande.
Pouco tempo depois ela também tamborilava com os dedos na mesa e em silêncio acabamos nossas bebidas até que ela pousou sua mão na minha virilha e disse me olhando feito uma maníaca:
- Eu te odeio profundamente mas quero trepar com você nesse instante. – Ela se levantou e com o dedo pediu para eu segui-la.
Tamborilei a batida final na mesa e me levantei para segui-la até o inferno.

6 comentários:

Marguerita disse...

Mas que baita inferno, em?

:)

bella ferraro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
bella ferraro disse...

"O conhaque rolava pelo copo num frisson alucinado misturando-se com o limão espremido respingado pela parede de vidro", muito elegante, parabéns. Gostei do ver de fora/ver de dentro também. Gostei de tudo, na verdade.

Duvido que você consiga escrever um texto do mesmo teor com uma morena. É até engraçado ver como só loiras e ruivas são diabas, na maior parte da ficção.

Mateus Henrique Zanelatti disse...

É que as morenas são do céu, ou algo parecido.

::)

Mateus Henrique Zanelatti disse...

Não, acho que não.

Marguerita disse...

O L.I.V.R.O possui uma variada interface, Mateus!!!
Rs!

Quando era pequena e lia algum livro que tinha poucas figuras, me segurava pra não vê-las logo de cara. Esperava chegar na página certa, acompanhar a história. E quando chegava na figura...ahhhh era o doce depois do almoço!

Bjoooo!