quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Adeus aos reis

Sentados, comovidos, vemos os reis passarem, sem brilho ou mesmo alguma paixão em seus olhos. Cabisbaixos. Suas mãos secas e cheias de anéis apalpam os bolsos vazios de seus casacos agora sem brio, veludos e sedas mortas acomodam-se nos ombros, onde outrora carregavam o mundo. As costas vergadas pelo tempo clamam por descanso, talvez eterno, que tanto merecem. Em tempos remotos eram altos e imponentes, olhares fulminantes e mãos fortes que torciam o aço, teciam a lei e forjavam os homens. Agora pedaços de ossos cobrem seus caminhos. Um ou outro olha para o lado, seu olhar vago procura alguma coisa que não está ali. Sentimo-nos estranhos com essas visões, antes os clamava agora a pena toma conta de nossa alma. Entristecidos estão alguns entre nós, e há aqueles que se arrastam seguindo a comitiva de reis em declínio. Uma brisa desce das montanhas o frio nos faz esfregar as mãos e o ar entra estrangulado pelo peito, já se vê o sol baixo no horizonte. O que pensam esses nobres ao verem seu antigo povo vendo-os trilharem esse caminho que os leva a perpétua desolação? Sentem que ainda há alguém a quem os chamam de reis? Um a um abandonam os últimos laços que os unem ao reino, reino este que já foi fabuloso, agora é uma sombra de MENTIRAS. Os vemos desaparecerem até que o último ao olhar para traz exprime seu derradeiro pesar. E assim, finalmente damos adeus aos reis.


Nota do infeliz apaixonado: Esse "conto" veio do meu antigo blog. Não tenho conseguido escrever (e nem desenhar) nada ultimamente, só consigo pensar em TCC TCC TCC TCC TCC.

3 comentários:

Marguerita disse...

Pois é, Mateus...Como queria que este "conto" fosse o espelho da realidade no nosso Brasil-il-il.

Um pingo de esperança...mas enfim...

Bjo

Sunflower disse...

TCC é a gestalt incompleta do TOC sorte e luz camarada.

beijas

Mateus Henrique Zanelatti disse...

Pois é, né? hehehe.
Que infelicidade =)

::)