terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Sam Pântano e o garoto

O garoto dormia sozinho em seu quarto. Tranqüilo. Era um quarto normal de um garoto. Uma cama normal, um pequeno guarda-roupa normal, uma mesa de escrivaninha com uma bagunça de papeis e livros e lápis de colorir normal. As paredes eram pintadas de cor de salmão e transmitiam a sensação de paz e tranqüilidade. Um quadro com a figura de uma caravela estava pendurado sobre a cabeceira da cama. O teto era um forro de madeira com uma inclinação que acabava, ou começava, quase na mesma altura do guarda-roupa e subia até a beira do telhado. O garoto dormia sozinho em seu quarto, mas isso não significava que ele estava sozinho. De repente o garoto ouviu: Anda, anda, pula, pula, rói, roi, anda e anda. O barulho vinha do teto acima do forro de madeira. Já sabia o que era, Sam Pântano, o rato que morava em seu forro estava iniciando suas atividades noturnas. O garoto num viu o rato, apenas ouvia seus barulhos. Sam Pântano nunca viu o garoto, apenas ouvia seus barulhos e sentia seu cheiro. Já estavam acostumados um com o outro. Até tinham uma certa feição entre si. Quando o garoto não ouvia Sam Pântano de noite ou quando Sam Pântano não ouvia o garoto de dia era como se as coisas não tivessem completas ou estivessem fora de lugar. Era uma estranha amizade. O garoto dormia sozinho em seu quarto. Tranqüilo, pois ele ouvia: Anda, anda, pula, pula, rói, roi, anda e anda.

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